segunda-feira, 15 de abril de 2013

PRIORIZANDO O CORAL NA VIDA DE CASAL



O Blog do Instituto Todos os Cantos traz uma entrevista com um casal de integrantes do Coral ArcelorMittal Tubarão, Geovania (soprano) e Cidimar Bonadiman (tenor), uma família que tem grande parte da vida dedicada ao canto coral.

Cidimar Bonadiman, entre os colegas tenores
Blog do ITC: Vocês cantavam em coros separados, antes de se conhecer, ou começaram a cantar juntos? Como é que o canto entrou na vida de vocês?

Cidimar: Na minha vida foi o seguinte: antes de casar eu já cantava em coral. Eu comecei a cantar em Cobilândia na Igreja Nossa Senhora da Conceição Aparecida.
Geovania no naipe de sopranos do coral ArcelorMittal Tubarão

Blog do ITC: Você é de Cobilândia Cidimar?

Cidimar: Não, eu sou de Cachoeiro do Itapemirim, vim pra Vitória em 1971.

Blog do ITC: Você veio para estudar?

Cidimar: Sim, vim estudar, aí entrei nesse coral da igreja que era muito bom... Com o maestro Antônio Depeccati. Nós também fizemos parte do coral do Ítalo, um coro de tradições italianas, também com o Depeccati.

Blog do ITC: Vocês se conheceram no coral?

Cididmar: Não, nós não conhecemos no coral.

Geovania: Eu o conheci dando aula pra mim, ele foi meu professor de matemática.

Blog do ITC: Mas matemática, onde?

Geovania: No cursinho preparatório para a prova da Escola Técnica, em 1980.

Cidimar: Eu estava recém-formado, tinha um grupinho que me conhecia e queria que eu desse aula pra eles. As aulas aconteciam no Centro Comunitário de Cobilândia.Foi lá que a gente se conheceu, mas só começamos a namorar um ano depois.

Cidimar: Depois do curso.

Geovania: Nós frequentávamos a igreja e ele me convidou para o coro.
 


Cidimar: Mas aí o coro acabou, porque era muito bom, chamava muita atenção e tinha gente que não gostava. O coro até continuou a ensaiar no Centro Comunitário, mas na Igreja acabou.

Blog do ITC: E vocês já conheciam o maestro Adolfo Alves ou não?

Cidimar: Eu conheci o Adolfo... Eu estava passeando em Santa Tereza um dia e um coral regido pelo Adolfo, não lembro qual, estava se apresentando lá. Daí falei: que coral bacana... E eu conhecia o Vescovi, de Fundão, que também cantava em Cobilândia e ele falou comigo assim: você vai entrar nesse coral!

Geovania: Ele entrou primeiro... Aí tinha um coral da Sociedade Filarmônica...

Cidimar: Isso, aí nós fizemos parte desse coro.

Geovania: E ensaiava em uma escola na Praia do Suá. Esse coro acabou quando o Coral da CST, que estava em recesso, voltou. Foi naquele período de mudança (A Privatização da CST, hoje ArcelorMittal Tubarão, em 1992).

Cantando com o Coral ArcelorMittal Tubarão em Afonso Claudio no Natal de 2012
 
Blog do ITC: Então vocês fazem parte do Coral ArcelorMittal quase desde o início.

Geovania: Faz vinte e um anos.

Blog do ITC: De casados vocês tem quanto tempo?

Cidimar: Nós casamos em 1985.

Geovania: Esse ano faz vinte e oito anos.

Blog do ITC: Então, a maior parte desse tempo vocês passaram no Coral ArcelorMittal Tubarão...

Cidimar: Desde que casamos nós sempre fizemos parte de algum coral.

Geovania: Não, esse aqui...
 
Cidimar: Eu sempre gostei porque eu sou de família italiana. Meu pai sempre cantava nas festas, aquelas cancionetas italianas. Meu pai é de Iconha e meus tios e os amigos deles, todos de origem italiana, gostavam muito. Meu pai cantava em igreja, ele escrevia uns livrinhos...

Geovania: Fazia as partituras à mão.

Cidimar: Fazia as partituras e ia ensinar nas igrejas

Blog do ITC: Como era o nome dele?

Cidimar: Bruno Bonadiman, ele já é falecido.

Geovania: E a música faz parte da nossa vida.

Cidimar: Só teve uma vez que a Geovania não fez parte, é que o coral era masculino. (risos) E era um coro muito bom, viajamos muito, fomos a Londrina e por aí...

Blog do ITC: O que fazer parte do Coral ArcelorMittal Tubarão significa para vocês hoje? Depois desse tempo todo?

Cidimar: Coral pra gente está no sangue. A gente às vezes até dá uma desanimadinha, mas não consegue sair.

Geovania: Pra gente é como uma família, a amizade é muito forte. A gente prioriza o coral em nossa vida. Porque o pessoal de nossa comunidade mesmo cobra a gente por causa do coral.

Cidimar: Na vida da gente tem outras coisas, outras amizades, a comunidade onde moramos que cobra da gente. Poderíamos até cantar em nossa igreja, mas não fazemos isso porque não dá tempo e a gente prioriza o coral. Na verdade eu penso assim: vamos fazer alguma coisa? Vamos fazer bem feito. Se a gente tiver várias atividades ao mesmo tempo, provavelmente alguma eu não vou conseguir fazer bem.

Geovania: E é uma coisa que a gente gosta né? A gente vem por amor, porque gosta mesmo.

Blog do ITC: E qual a apresentação do coral que mais marcou vocês?

Geovania: Nossa! Nesses vinte e tantos anos?

Cidimar: São várias. Marcou, por exemplo, nem sei mais quanto tempo tem, deve ter uns quinze anos, aquela apresentação em Ipatinga.

Geovania: Num encontro de coros em Ipatinga em que nós fizemos o “Negro Spiritual”, aquela foi muito gratificante.

Cidimar: Cantamos o “Ave Verum” de Liszt, foi lindo. E depois também em Mendonza (Argentina) foi fantástico. Imagina cantando no meio daquele monte de gelo.

Geovania: Ah! No Aconcágua...

O maestro Adolfo regendo um grande coro de vários países no Aconcágua


Blog do ITC: E as apresentações na praia, vocês participaram de todas?

Geovania: Participamos de todos os Concertos de Natal da ArcelorMittal Tubarão com a Orquestra Filarmônica do Espírito Santo.

Cidimar: E aquele monte de artistas famosos: Agnaldo Rayol, Elba Ramalho, Fafá de Belém...

Geovania: Ivan Lins, Geraldo Azevedo, Simone... A gente sente muita falta, porque era muito legal. Que pena que acabou.

Blog do ITC: E deve ser ter sido muito legal encarar aquela plateia gigante, porque dava muita gente, não é?

Cidimar: Dava umas dez, quinze mil pessoas.

Geovania: Mas é gratificante até quando a gente canta para plateias pequenas, sabe? Dentro das igrejas...

Cidimar: Eu prefiro cantar em ambiente fechado, a gente consegue um feedback da voz e se ouvir melhor.

Geovania: E você vê no olhar das pessoas essa troca, a emoção que você passa, o retorno é também muito maior nesse sentido.

Blog do ITC: Geovania, agora pra encerrar a nossa entrevista: no final das contas você passou ou não na prova pra Escola Técnica?

Geovania: Passei, claro! (risos) Mas, olha aqui: ele só começou a namorar comigo depois que eu passei na prova, tá? Primeiro ele ensinou, eu aprendi e ficou só nos olhares. Quando eu já estava estudando no IFES é que a gente foi conversar...

Blog do ITC: Então tá explicado (risos). Gente, muito obrigado pela entrevista e parabéns pela musicalidade de vocês.

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