segunda-feira, 25 de fevereiro de 2013

COMO UMA FAMÍLIA: ENTREVISTA COM ARLINDO ARRIGONI

Arlindo Fernando Arrigoni é integrante do Coral ArcelorMittal Tubarão há mais de vinte anos. Sua experiência com o canto caminhou junto - e às vezes paralelamente - à trajetória do maestro Adolfo Alves, conterrâneos que são da cidade de Colatina onde Arlindo participou do lendário coral Glória. A dupla se conheceu no Banco do Brasil - muita gente não sabe, mas o maestro Adolfo é também gerente aposentado desta instituição - onde Arlindo trabalhava como vigilante no início dos anos setenta...

Arlindo (centro) e seus companheiros do naipe de baixo.
Arlindo: Eu trabalhei no Banco do Brasil por três anos e meio, fiz o meu curso de contabilidade e fiquei estudando. Nesse meio tempo, em 1974, houve uma gincana dos colégios, me chamaram e eu entrei para o Coral Glória. Em 1979 vim pra Vitória, mais ou menos na mesma época em que o Adolfo veio também.

Blog ITC: Você veio por causa daquela grande enchente do Rio Doce? Porque Adolfo disse que veio pra cá por causa disso.


Em 1979 houve uma grande enchente que atingiu especialmente os municípios às margens do Rio Doce em Minas Gerais e no Espírito Santo, choveu sem parar todo o mês de janeiro atingindo proporções catastróficas em fevereiro daquele ano.

Arlindo: Foi por causa da chuva sim, em janeiro de 1979, e porque a minha esposa trabalhava no Banestes em Colatina, já ia completar dois anos de banco lá e por causa de seu bom desempenho conseguiu um cargo de gerente aqui em Campo Grande.

Blog ITC: E ela te acompanhava cantando em corais?

Arlindo: Ela cantava no coral Glória também, a gente viajava, fomos até o nordeste, Pernambuco, Recife, Brasília, o coral era bom pra caramba. Aqui eu passei numa prova e entrei no coral da Fundação Cultural do Espírito Santo em 1981, na época do maestro Vitor Marques Diniz (Também o primeiro regente da Orquestra Filarmônica do Espírito Santo).


Diniz e a solista Ana Benevides em 1978.


Blog ITC: Tinha prova para entrar?

Arlindo: Tinha. E o governo pagava uma ajuda de custo para os alunos coralistas. Inclusive, quem começou comigo foi o Márcio Neiva, o Carlos Vasconcelos, o Heraldo Filho (figuras importantes do canto lírico no Espírito Santo), só que eles foram adiante, se interessaram e eu nunca quis mexer profissionalmente. Depois acabou aquilo e eu fui pro coral da UFES que também quase desmantelou, enfim, nesse meio tempo eu entrei no coral do Heraldo no Banco do Brasil e ele me chamou para ir para o da Receita Federal e de lá eu pulei pro coral do Adolfo. Isso deve ter sido em 1989, 1990.

Blog ITC: Arlindo, por que é que você gosta de coral? Alguém na sua família já cantava?

Arlindo: Só o meu pai, antigamente nas igrejas se cantava aquelas orações em latim e ele fazia parte da liga católica. Tinha um grupo que cantava lá na roça e eu sempre vi aquilo, isso me influenciou muito, porque eu sempre gostei de música e de futebol, só que eu nunca fui de jogar bola e a música eu consegui melhorar um pouco. Nunca estudei para pegar uma partitura e ler, então faço como um hobby entende? Eu até deixo a família de lado para poder ensaiar com o coral.

Blog ITC: E sua esposa não participa mais?

Arlindo: Ela é aposentada, faz parte da comunidade lá e não tem jeito de sair de casa.

Blog ITC: E o coral é super importante para você então...

Arlindo: Para mim é uma descontração, não tenho nem uma palavra assim para falar do tanto de bem que me faz.

Blog ITC: Isso é perceptível em todos vocês. Vocês gostam de estar juntos, são muitos anos juntos...

Arlindo: Esse coral para mim é como se fosse uma família, entende? Infelizmente a gente não tem todos os naipes seguros e equilibrados, isso é meio difícil, temos várias pessoas boas que por uma coisa e outra saíram e isso acontece muito em grupos de música. Mas é isso aí, hoje o grupo está trabalhando legal e, tendo apoio, vai sempre melhorar.

Arlindo com o Coral ArcelorMittal Tubarão regido pelo maestro Adolfo Alves na Cordilheira dos Andes

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