Arlindo
Fernando Arrigoni é integrante do Coral ArcelorMittal Tubarão há mais de vinte
anos. Sua experiência com o canto caminhou junto - e às vezes paralelamente - à
trajetória do maestro Adolfo Alves, conterrâneos que são da cidade de Colatina
onde Arlindo participou do lendário coral Glória. A dupla se conheceu no Banco
do Brasil - muita gente não sabe, mas o maestro Adolfo é também gerente
aposentado desta instituição - onde Arlindo trabalhava como vigilante no início
dos anos setenta...
Arlindo (centro) e seus companheiros do naipe de baixo. |
Arlindo: Eu trabalhei
no Banco do Brasil por três anos e meio, fiz o meu curso de contabilidade e
fiquei estudando. Nesse meio tempo, em 1974, houve uma gincana dos colégios, me
chamaram e eu entrei para o Coral Glória. Em 1979 vim pra Vitória, mais ou menos
na mesma época em que o Adolfo veio também.
Blog ITC: Você veio por causa daquela grande enchente do Rio Doce? Porque Adolfo disse que veio pra cá por causa disso.
Arlindo: Foi por causa da chuva sim, em janeiro de 1979, e porque a minha esposa trabalhava no Banestes em Colatina, já ia completar dois anos de banco lá e por causa de seu bom desempenho conseguiu um cargo de gerente aqui em Campo Grande.
Blog ITC: E ela te
acompanhava cantando em corais?
Arlindo: Ela cantava
no coral Glória também, a gente viajava, fomos até o nordeste, Pernambuco,
Recife, Brasília, o coral era bom pra caramba. Aqui eu passei numa prova e
entrei no coral da Fundação Cultural do Espírito Santo em 1981, na época do
maestro Vitor Marques Diniz (Também o primeiro regente da Orquestra Filarmônica
do Espírito Santo).
Diniz e a solista Ana Benevides em 1978. |
Blog ITC: Tinha prova para entrar?
Arlindo: Tinha. E o
governo pagava uma ajuda de custo para os alunos coralistas. Inclusive, quem
começou comigo foi o Márcio Neiva, o Carlos Vasconcelos, o Heraldo Filho
(figuras importantes do canto lírico no Espírito Santo), só que eles foram
adiante, se interessaram e eu nunca quis mexer profissionalmente. Depois acabou
aquilo e eu fui pro coral da UFES que também quase desmantelou, enfim, nesse
meio tempo eu entrei no coral do Heraldo no Banco do Brasil e ele me chamou
para ir para o da Receita Federal e de lá eu pulei pro coral do Adolfo. Isso
deve ter sido em 1989, 1990.
Blog ITC: Arlindo, por
que é que você gosta de coral? Alguém na sua família já cantava?
Arlindo: Só o meu pai,
antigamente nas igrejas se cantava aquelas orações em latim e ele fazia parte
da liga católica. Tinha um grupo que cantava lá na roça e eu sempre vi aquilo,
isso me influenciou muito, porque eu sempre gostei de música e de futebol, só
que eu nunca fui de jogar bola e a música eu consegui melhorar um pouco. Nunca
estudei para pegar uma partitura e ler, então faço como um hobby entende? Eu
até deixo a família de lado para poder ensaiar com o coral.
Blog ITC: E sua esposa não participa mais?
Arlindo: Ela é
aposentada, faz parte da comunidade lá e não tem jeito de sair de casa.
Blog ITC: E o coral é
super importante para você então...
Arlindo: Para mim é
uma descontração, não tenho nem uma palavra assim para falar do tanto de bem
que me faz.
Blog ITC: Isso é
perceptível em todos vocês. Vocês gostam de estar juntos, são muitos anos
juntos...
Arlindo: Esse coral
para mim é como se fosse uma família, entende? Infelizmente a gente não tem
todos os naipes seguros e equilibrados, isso é meio difícil, temos várias
pessoas boas que por uma coisa e outra saíram e isso acontece muito em grupos
de música. Mas é isso aí, hoje o grupo está trabalhando legal e, tendo apoio,
vai sempre melhorar.
Arlindo com o Coral ArcelorMittal Tubarão regido pelo maestro Adolfo Alves na Cordilheira dos Andes |
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