O cinema é uma arte
muito amada e popular desde a sua criação. Inventado pelos irmãos Lumière em
Paris, o cinema hoje tem mais de um século de história e nesse período passou
por inúmeras transformações: de mudo para falado, de preto e branco para
colorido, da película para o digital e o atualmente popular 3D. O nome veio do “cinematógrafo”,
o primeiro equipamento usado para filmar e fazer projeções.
Com a peculiar
necessidade humana de classificar as coisas e o costume de escritores e
jornalistas tomarem mão de eufemismos para enriquecer seus textos, tornou-se
muito comum denominar o cinema de “a sétima arte”. Segundo consta na Wikipédia:
“O termo foi estabelecido por Ricciotto Canudo no ‘Manifesto das Sete Artes’,
em 1912 (publicado apenas em 1923)”. E, ainda segundo a Wikipédia, as demais artes
estariam classificadas da seguinte forma:
1ª Música (som);
2ª Dança/Coreografia (movimento);
3ª Pintura (cor);
4ª Escultura (volume);
5ª Teatro (representação);
6ª Literatura (palavra);
7ª Cinema (integra os elementos das artes anteriores mais a 8ª e
no cinema de animação a 9ª).
Outras formas expressivas também
consideradas artes foram posteriores adicionadas à numeração proposta pelo
manifesto:
8ª Fotografia (imagem)
9ª Desenho Animado (cor, palavra, imagem)
10ª Jogos de Computador e de Vídeo;
11ª Arte digital (artes gráficas computorizadas 2D, 3D e
programação).
Existem outras listas
que incluem, por exemplo, a arquitetura e também a televisão, mas o cinema
segue realmente soberano influenciando gerações e até mesmo contribuindo para ciências
como a antropologia ou a própria história. Existem documentários que nos
permitem até hoje ter uma ideia bastante exata do fascínio das massas, num só
exemplo, por Adolf Hitler, como foi registrado por Leni Riefenstahl.
A formação de um
artista é algo subjetiva e pressupõe o ensino adequado, específico e competente
de sua arte. Porém, a maioria dos grandes e consagrados ícones da área afirma
ser fundamental que o aluno tenha também uma boa ideia, ao menos introdutória, sobre
todas as outras formas de expressão artísticas. Os exemplos dessa prática são
inúmeros, vide o belíssimo filme francês “Todas as Manhãs do Mundo” em que o
professor Sainte Colombe leva seu aluno de viola Marin Marais a conhecer o
atelier de pintura de um amigo. Lá inúmeras comparações são feitas e paralelos
traçados entre a arcada da viola da gamba e a pincelada do óleo sobre a tela.
Dentro desse espírito
de introdução à sétima arte e de acesso democrático à cultura, o projeto Canto
na Escola promoveu esta semana o último passeio de 2012 levando seus alunos a
uma divertida sessão de cinema. São crianças e adolescentes da Serra-ES que
raramente têm a oportunidade – se é que muitos já a tiveram – de assistir a um filme
numa sala de exibição cinematográfica. O passeio aconteceu no Shopping
Laranjeiras e, como nem tudo é perfeito, a “película” escolhida por todos foi o
capítulo final da saga “Crepúsculo”. Entretanto, a diversão - objetivo básico
da iniciativa - foi garantida, com direito a refrigerante e pipoca para todos.
O projeto Canto na
Escola atualmente atravessa um período crítico em sua história - por ironia,
tão elogiada pela mídia neste ano de 2012. Em dezembro tem fim o apoio de seu principal
parceiro, a ArcelorMittal Tubarão. Toda a comunidade está apreensiva perante a probabilidade
desse retrocesso, simplesmente porque, não havendo mais o Canto na Escola no
ano que vem, em torno de 300 jovens ficarão novamente excluídos do ensino da música
com qualidade. Nesse momento acontece a tentativa de sensibilizar a futura gestão
da Prefeitura da Serra no sentido de viabilizar o mínimo para manutenção do
projeto, afinal um interesse do poder público.
Não é nossa intenção
fazer comparações sensacionalistas ou seguir o raciocínio lugar comum relativo
a esse tipo de ação cultural. Porém, no amor à música e na guerra à ignorância
vale tudo. Sabemos muito bem, e a mídia eventualmente retorna ao assunto, que
um apenado custa muito mais ao Estado (aproximadamente o triplo) do que um
aluno na escola normal; dentro do projeto Canto na Escola custa ainda bem menos.
Meditemos então no efeito e na importância dessa ação através do depoimento
publicado em nosso blog por Lucas Pereira de Queirós:
“Parabéns por esse
lindo projeto, que tive a honra de participar por nove anos desde quando não
tinha o nome de Canto na Escola ainda. Tenho certeza que grande parte do meu
caráter, cultura e conhecimento de mundo foi formado por vocês. Se o canto na
escola abrangesse muito mais escolas, principalmente em bairros periféricos o
custo que o Estado tem para manter centro de recuperação para menores
infratores seria bem reduzido”.
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